O meu balanço do Primavera Sound 2014

Com expectativas pouco elevadas, lá fui eu para o Porto pelo terceiro ano consecutivo para assistir aos concertos do Primavera Sound 2014. O balanço é, mais uma vez, muito positivo, ainda que não tenha conseguido apanhar tantos momentos gigantes como nas edições anteriores do festival.

Mas vamos ao que interessa.

Os concertos

Rodrigo Amarante, Spoon, Sky Ferreira, Caetano Veloso, Haim, Kendrick Lamar, Television, Warpaint, Slowdive, Pixies, Godspeed You! Black Emperor, Mogwai, Refree, Neutral Milk Hotel, The National e St. Vincent. Foram estes os dezasseis concertos a que assisti, com maior ou menor interesse, na totalidade ou só um bocadinho. Não foram muitos e nem cheguei a visitar o Palco Pitchfork.

Os Neutral Milk Hotel só não levam nota máxima porque começaram com “Two Headed Boy” e não estou preparado para lidar com a melhor música de uma banda a abrir um concerto. Teria ficado perfeita a fechar. De resto… foi lindo. As melodias pop contrastavam na perfeição com a estranha existência dos membros da banda. E o público, incentivado a não fotografar nem filmar o concerto pelo próprio Jeff Mangum, aproveitou cada instante. Eu não fui exceção e fiquei absolutamente convencido. Era o único concerto para o qual tinha expectativas realmente elevadas e… não fiquei desiludido.

Não posso deixar de destacar também os The National, que me deixaram mais descansado do que após o concerto no Pavilhão Atlântico e, apesar de ausências óbvias no alinhamento, como “Apartment Story” e “About Today”, deram um concerto ao nível do que se espera deles (para os mais distraídos, isto é uma coisa boa).

Gostei muito dos Slowdive, das Haim e de rever os Mogwai e St. Vincent mas guardo o concerto de Sky Ferreira num cantinho especial. Não era algo que esperasse, confesso. Mas entre “Heavy Metal Love”, “I Will” e “Everything Is Embarrassing” (só pude ouvir “I Blame Myself” enquanto caminhava para perto do palco) não faltaram motivos para ficar rendido à dimensão que a pop de Sky Ferreira ganha ao vivo.

O som

Não sei muito bem o que se pode fazer quanto a isto mas nunca vi um festival com tão má qualidade de som junto aos palcos como este. Baixo volume e graves dominantes faziam com que ver um concerto perto do palco se tornasse numa experiência dolorosa e desinteressante. “Debaser” junto à grade? Meh. As guitarras dos The National? Não ouvi, mas o baixo era fixe.

O ambiente

Um ano é muito tempo e quase chega para esquecer alguns pormenores únicos deste festival. O espaço, já o disse várias vezes, é provavelmente o melhor que encontramos em festivais portugueses – só Paredes de Coura oferece concorrência. Os palcos principais lado a lado sem sobreposição de bandas, a simpática clareira do palco ATP e a clara demarcação entre a área da restauração e as áreas dos concertos parecem ter sido feitas a pensar em quem vai ao Parque da Cidade não só para pôr fotos no Instagram mas também para ouvir boa música… mas que a coisa resulta em boas fotos no Instagram, lá isso resulta.

E para o ano?

Para o ano, não sei. Fiquei triste com o cartaz, com a ausência de grandes bandas do Primavera Sound de Barcelona – Nine Inch Nails, Arcade Fire, Volcano Choir e mais umas quantas. Mas no limite é isso que me fará confirmar presença no próximo ano: o cartaz. Se for bom, é quase certo que podem contar comigo.