Este é o terceiro de três posts sobre o melhor da música em 2012.
À data de hoje, estes são os meus discos favoritos lançados em 2012. Não foi o melhor ano de sempre… mas já tive piores experiências. Faço o disclaimer do costume: é possível que daqui a uma semana já olhe para isto com outros olhos e me sinta arrepiado com as minhas escolhas. Mas para já é isto.
Os meus dez álbuns favoritos deste ano:
10 – Beach House – Bloom
Qualquer que seja o álbum, quando se ouve Beach House é obrigatório desligar do resto. “Myth” dá o mote de forma incrível (o álbum não volta a ficar tão bom como na primeira música mas pronto) e lá vamos nós dar umas voltas noturnas esquisitas. Bloom é música sob o efeito de álcool. Ela e eu. “New Year”, “Irene” e outras que tais parecem feitas para me aconchegar num qualquer final de noite. Por mim, dou as boas-vindas à companhia.
9 – Sun Kil Moon – Among The Leaves
Um Mark Kozelek desbocado tinha de ser uma coisa deprimente. Aliás, deprimente já ele é sempre. A novidade aqui foi o lado divertido. Com 17 temas, há espaço para tudo em Among The Leaves (a duração é talvez o maior defeito deste álbum). A candura de “Sunshine in Chicago”, a mini-ópera de “Elaine”, os pormenores barrocos de “Young Love” e a agradável brisa de “Among The Leaves” fazem deste disco um ponto de paragem obrigatória para quem gosta (mesmo que não goste demasiado, como é claramente o meu caso) de Sun Kil Moon.
8 – DIIV – Oshin
Aos primeiros segundos de “(Druun)”, os DIIV já me tinham conquistado. Yo La Tengo ou anos 80 – sei lá eu o que isto me faz lembrar. Só sei que me soa tremendamente bem. Tanto nos mostram o dedo naquela típica tensão pós-punk (“Past Lives”, “Doused”) como a seguir se viram para nós todos fofinhos (“Follow”). Um tipo fica sem saber o que pensar. Mas lá que soam bem, lá isso soam.
7 – Father John Misty – Fear Fun
Uma das minhas descobertas tardias deste ano, Fear Fun é o nome do primeiro álbum de J. Tillman enquanto Father John Misty. Veio mesmo a tempo do final do ano. Era de muito mau tom se só descobrisse temas como “Funtimes in Babylon” ou “Only Son Of The Ladiesman” em 2013 (ou – batam na madeira – nunca). Fear Fun é um álbum com pés e cabeça, cheio de bom gosto e que vai apetecer revisitar frequentemente.
6 – Jack White – Blunderbuss
O tempo que demorei a pegar no álbum de estreia de Jack White a solo é uma vergonha. Felizmente, ainda fui a tempo de ficar cheio de vontade de o ver ao vivo, algo que compensou claramente o investimento. Não sendo de todo uma obra-prima, Blunderbuss quase parece feito de manteiga derretida, tal é a facilidade com que entra (ignorem as possíveis interpretações porcalhonas disto, por favor). “Freedom at 21″, “Blunderbuss”, “Missing Places”, “Sixteen Saltines”… – esperem, é preciso continuar?
5 – Bat For Lashes – The Haunted Man
Natasha Khan passa sempre despercebida ao longo do ano. É a desvantagem de não vestir fatiotas de carne crua e de não dizer baboseiras a toda a hora. Mas um álbum de Bat For Lashes entre os melhores do ano é tão certo como um Daniel Day-Lewis ser nomeado para um Oscar. E cá está The Haunted Man, com pérolas como “Lillies” ou “Laura” a provarem que Bat For Lashes é um dos projetos musicais mais consistentes dos últimos 10 anos.
4 – Japandroids – Celebration Rock
Celebration Rock é o som de um Bruce Springsteen mais barulhento a fazer música para adolescentes. Só que, aqui, Bruce Springsteen são dois tipos canadianos que devem ter dos espetáculos ao vivo mais festivos que podemos ver por aí. E o álbum é um sempre a correr, um temos de ir ali cantar coisas importantes para os miúdos ouvirem. Um grande álbum rock sem filtro.
3 – Grizzly Bear – Shields
Nem só de “Yet Again” vive o homem. Os Grizzly Bear não andam para aí a armadilhar álbuns com um ou dois singles espetaculares e nada mais. Não é à toa que cada disco deles é recebido como se fosse a coisa mais fantástica do mundo. É que eles são uma das coisas mais fantásticas do mundo. E soam originais e frescos… sem terem de ser maus, ridículos e idiotas (sim, Grimes, estou a falar contigo). Shields é mais uma confirmação da enorme qualidade destes nova-iorquinos. Estamos a começar a ficar mal habituados, é o que é.
2 – Sharon Van Etten – Tramp
Como qualquer ser humano razoável, fiquei a conhecer Sharon Van Etten graças a “Think You Can Wait” dos The National, uma das minhas músicas favoritas do ano passado. A voz deixava antever algo de espetacular mas nunca pensei que fosse resultar tão bem. E não é só a voz, é tudo. Tem aquela semi-urgência dos The National misturada uma certa resignação que não bate certo. De qualquer forma, soa tudo bem. Muito, muito bem mesmo.
1 – Cat Power – Sun
Não é o melhor álbum de sempre mas é um dos melhores que Cat Power já lançou. Sun é o fruto de uma nova Cat Power cheia de vontade de conhecer o mundo e menos metida com os seus pensamentos. Nós vamos sentir saudades da Chan Marshall deprimida mas esta versão mais luminosa não lhe fica nada mal. Melhor álbum do ano, facilmente.