Ando a ouvir muita música portuguesa. Quer dizer, pelo menos para aquilo que costumava ouvir (que era quase nada).
A culpa é, grosso modo, do B Fachada e da Sílvia. E atenção aos pormenores: a Sílvia não gosta do B Fachada e, tanto quanto sei, o B Fachada nunca ouviu falar sequer da Sílvia. A relação de ambos começa e acaba na culpa que ambos têm neste meu novo momento.
Começo pela Sílvia, que é muito fácil de explicar. Ela está envolvida no Offbeatz e impinge coisas aos amigos. Ainda nem sequer ouvi Noiserv, Minta ou Guta Naki com muita atenção… mas as recomendações dela deixaram-me mais disponível para ouvir outras coisas. Quanto ao B Fachada, bem, contribuiu para que começasse a ouvir… B Fachada.
Existe uma ideia de que, à medida que envelhecemos, perdemos o interesse em coisas novas. No meu caso, é mais ou menos assim… mas a verdade é que vou descobrindo coisas que já estão mortas e enterradas para o resto do mundo. Se é novo para mim… é novo. Enfim, vocês percebem.
De qualquer forma, admito a minha resistência às coisas novas de que toda a gente fala normalmente. Já sou velho há muitos anos.
Mas estou aqui a tentar combater isso. Olhem para mim aqui todo empenhado na música portuguesa. Deixo-vos só três bons exemplos. E deixo de fora uma série de outros igualmente válidos.
Márcia editou agora o seu primeiro álbum a solo e eu ainda nem sequer o ouvi. Mas um bocadinho do concerto dela no Super Bock Em Stock, um EP e uns vídeos aqui e ali já me convenceram. Fiquem com “Misturas”.
O segundo exemplo não acabou de chegar nem vai desaparecer tão cedo. Samuel Úria é um dos mais talentosos escritores de canções da sua geração e “Nem Lhe Tocava”, que empresta o nome ao álbum de estreia do artista, explica eloquentemente o que quero dizer.
Por fim, o B Fachada. O tipo tem uma voz que custa a entrar (sobretudo se forem ouvir aquela versão da “Etelvina”) mas isso passa e é compensado por tudo o resto. As letras têm humor e engenho, as músicas são de fácil (mas demorado) consumo. B Fachada já aí tem B Fachada é Pra Meninos mas eu vou buscar “O Desamor” do álbum de estreia.