6 músicas para o meu funeral

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Eu disse que ia começar a preparar a lista de músicas para o meu funeral para partilhar convosco… e aqui está ela.

Esta lista cheia de músicas boas para ouvirem quando eu morrer é um bocado como um testamento ou como um top de final de ano: em grande parte, espelha o momento em é feita. De qualquer maneira, é mais do que certo que, em caso de dúvida, prefiro mil vezes uma destas canções à “Someone Like You” da Adele. Estamos combinados?

Vamos lá à lista, então.

1. Iron & Wine / Calexico – “Dead Man’s Will”

“Dead Man’s Will” é uma declaração póstuma de amor e arrependimento. Com um título bastante autoexplicativo, esta canção fala-nos de uma divisão de bens simbólicos e do tempo perdido, provavelmente a forma de arrependimento mais comum que se sente antes de morrer.

2. Dan Mangan – “If I Am Dead”

Pensar sobre a morte pode dar umas quantas dores de cabeça (e má fama). Mas, quando Dan Mangan canta “Burn my remains / My stuff, the same / Bury my name / It’s yours now, anyway”, não consigo evitar pensar na ideia de morte enquanto desaparecimento (gradual), em como se passa lentamente de pessoa a memória… até ao esquecimento total.

3. Eels – “P.S. You Rock My World”

A minha intenção com esta escolha é, ao mesmo tempo, ter um último momento de egocentrismo (haverá melhor coisa para se pensar de um morto do que “P.S. You Rock My World”?) e fazer passar uma mensagem de esperança ou pelo menos um certo “a vida continua”. Além disso, a letra desta música dos Eels é uma daquelas coisas brilhantemente terrenas e termina com “And maybe it’s time to live” – e todos sabemos que estar vivo é o contrário de estar morto.

4. Pavement – “Here”

https://youtu.be/i5OeoVkTDLM

Se é suficientemente boa para fechar o último concerto dos Pavement, é suficientemente boa para mim. Problema: eles ressuscitaram e não me parece que possa seguir-lhes o exemplo a esse nível. Além disso, tenho esperança de que as pessoas que me conhecem vejam as coisas da seguinte forma: “And I’m the only one who laughs / At your jokes when they are so bad / And your jokes are always bad / But they’re not as bad as this”. Era um sentimento relativamente genuíno e positivo, não?

5. Yo La Tengo – “I Feel Like Going Home”

A morte pode ser visto como um ponto de viragem. No caso desta canção dos Yo La Tengo, não me parece que a ideia de ponto de viragem esteja relacionada com a morte, embora pudesse ser uma interpretação possível. Pessoalmente, acho piada ao triplo sentido do verso “I feel like going home” no contexto de um funeral: a) quem morre dirige-se para a sua última morada, depois de se deixar de palhaçadas (a vida); b) com mais humor à mistura, podemos ver isto como um “epá, se calhar não morria já e voltava mais uns tempinhos para casa, não?”; c) os funerais são desagradáveis para a maior parte das pessoas e às vezes só apetece mesmo ir para casa.

6. Radiohead – “Motion Picture Soundtrack”

Já cá faltavam os Radiohead, não era? Apesar do ar de marcha fúnebre, não acho que “Motion Picture Soundtrack” seja propriamente uma música sobre morte. Parece-me ser mais sobre descrença e alienação do que outra coisa, pelo que aquele “I will see you in the next life” é mais um “nem vale a pena pensar nisso” do que uma despedida propriamente dita. Mas se calhar não vale mesmo a pena pensar nisso.