Arquivo de Sun Kil Moon - Ouve-se https://ouve-se.com/tag/sun-kil-moon/ Música que não sai da cabeça Tue, 23 Aug 2022 10:57:24 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.4 https://ouve-se.com/wp-content/uploads/2017/11/cropped-disc-vinyl-icon-95145-32x32.png Arquivo de Sun Kil Moon - Ouve-se https://ouve-se.com/tag/sun-kil-moon/ 32 32 Jesu/Sun Kil Moon: o que quer dizer “rekindle”? https://ouve-se.com/2016/01/jesu-sun-kil-moon-o-que-quer-dizer-rekindle/ Mon, 25 Jan 2016 11:39:01 +0000 https://ouve-se.com/?p=940 A colaboração entre Mark Kozelek e Justin Broadrick é um ensaio sobre a falta de noção. What does rekindle mean? Esta é a pergunta que Mark Kozelek repete em “Good Morning My Love”, a primeira música do álbum que o seu projeto Sun Kil Moon editou em colaboração com Jesu, a one-man band de Justin Broadrick. Podem …

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Jesu-Sun-Kil-Moon

A colaboração entre Mark Kozelek e Justin Broadrick é um ensaio sobre a falta de noção.

What does rekindle mean?

Esta é a pergunta que Mark Kozelek repete em “Good Morning My Love”, a primeira música do álbum que o seu projeto Sun Kil Moon editou em colaboração com Jesu, a one-man band de Justin Broadrick. Podem não lhe ligar muito à primeira, mas esta questão-refrão acaba por marcar a experiência com Jesu/Sun Kil Moon (sim, não perderam muito tempo a pensar no título do álbum). Mas porquê?

Primeiro porque é uma pergunta interessante – afinal, o que quer dizer “rekindle”? Depois porque resume quase na perfeição o álbum e a música de Mark Kozelek, bem como a sua relação atual com o mundo. A música de Justin Broadrick parece ser apenas mais um veículo para Kozelek passar a sua mensagem, pelo que as ondas gigantes de distorção e a eletrónica inofensiva do membro dos Godflesh ficam num muito bem definido segundo plano ao longo de todo o álbum.

A propósito do significado de “rekindle”, Mark Kozelek foi entrevistado pelo ator Rainn Wilson (numa espécie de reedição do episódio protagonizado por El Chapo e Sean Penn) e explicou de onde vem a pergunta:

“A canção surgiu inicialmente depois de ter visto um documentário chamado The Road to Las Vegas. Durante uma discussão entre marido e mulher no filme, a mulher sugere ‘talvez devêssemos reacender a chama [rekindle]?’ e o marido, que literalmente não sabia o que significava a expressão, perguntou ‘o que quer dizer reacender a chama?’ Fiquei arrepiado. A resposta dele foi tão profunda e poderosa, tornou-se o que, imagino, dirias ser o refrão da canção.”

É uma situação curiosa, de facto. Além de tornar a canção interessante, a pergunta – sobretudo com este contexto – ganha contornos de metáfora. Mark Kozelek parece descrever, numa pergunta, a sua vida nos dias que correm: ele no papel de marido e a ideia que ele tem do mundo no papel de mulher, duas pessoas a falarem línguas diferentes. O marido pergunta “o que quer dizer ‘rekindle’?”, ele pergunta ao mundo “o que queres tu de mim?” quando o acusam de misoginia e sexismo, de Universal Themesnão ser grande coisa ou de ser um idiota.

Infelizmente, o resto do álbum é preenchido em grande parte por episódios pouco interessantes – como acontecia em Universal Themes – e nem Jesu nos salva, até porque a estrutura repetitiva das composições de Justin Broadrick não se presta a esse tipo de funções. Pelo contrário, acentua as características da música de Sun Kil Moon. E se há momentos que prendem a nossa atenção – como a maior parte de “Good Morning My Love” e um bocadinho de “A Song Of Shadows” -, o que não falta mesmo é Mark Kozelek a piscar o olho a si próprio em canções como “Last Night I Rocked The Room Like Elvis And Had Them Laughing Like Richard Pryor” e “America’s Most Wanted Mark Kozelek And John Dillinger”. Ele é referências a Carissa (a mesma de Benji), a “This Is My First Day And I’m Indian And I Work At A Gas Station” (de Universal Themes), a Jimmy LaValle (com quem Mark Kozelek gravou Perils From The Sea há três anos), ao aniversário da sua irmã e, claro, aos fãs fanáticos por vinil (guilty as charged!).

A determinada altura, Mark Kozelek está tão dentro de si próprio que quase fica do avesso. Os exemplos mais gritantes deste auto-retrato revisionista são os dois momentos em que lê cartas de fãs de uma ponta à outra – cartas que servem apenas para reforçar o seu próprio ponto de vista sobre os seus últimos anos. E esta é a parte que me incomoda realmente: Mark Kozelek, o rebelde, o provocador, o tipo que diz o que pensa… afinal precisa de validação. Enfim. E depois ainda pergunta o que quer dizer “rekindle”.

Os temas mais consistentes e interessantes – “Good Morning My Love”, “Fragile”, “Exodus” e “Beautiful You” – perdem-se no meio do lodo. “Exodus”, por exemplo, fala sobre a morte do filho de Nick Cave e parte para uma homenagem a todos os pais cujos filhos morreram – o tipo de canção que poderíamos ter ouvido em Benji. Mas antes disto já o álbum nos adormeceu. Além disto, os convidados especiais que contribuíram para o álbum quase não dão sinais de vida: as participações de Will Oldham (também conhecido como Bonnie ‘Prince’ Billy), Rachel Goswell (dos Slowdive), Isaac Brock (dos Modest Mouse), bem como Mimi Parker e Alan Sparhawk (dos Low) passam praticamente ao lado.

Musicalmente, Jesu/Sun Kil Moon é banal. O trabalho de Justin Broadrick não enriquece especialmente um álbum conceptualmente pobre de Mark Kozelek. O melhor que consigo dizer acerca disto é que pode ser que algumas das canções soem bem ao vivo com roupagens mais acústicas, como acontece de vez em quando com a música dele. Mas nem isso é garantido.

Mark Kozelek parece demonstrar em Jesu/Sun Kil Moon que não quer saber de muita coisa. Continua a interessar-se pela morte, pela namorada, pela família e pouco mais. Diga-se que é uma grande evolução para um tipo com tamanha falta de empatia. Mas o jogo está a virar e às tantas, por este andar, não demoraremos a chegar a uma conclusão natural: a de que somos nós quem não quer saber dele.

Quando esse dia chegar, talvez lhe perguntemos nós: what does rekindle mean?

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Universal Themes, o quotidiano segundo os Sun Kil Moon https://ouve-se.com/2015/06/universal-themes-o-quotidiano-segundo-os-sun-kil-moon/ Wed, 03 Jun 2015 11:47:05 +0000 https://ouve-se.com/?p=143 Benji, o estranho e belíssimo álbum editado pelos Sun Kil Moon no ano passado, foi aclamado pela crítica internacional (e considerado o melhor do ano por mim aqui no Ouve-se, já agora). Aproveitando a onda e profícuo como sempre, Mark Kozelek anunciou há algum tempo que o novo álbum dos Sun Kil Moon se chamaria Universal Themes e seria …

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Sun Kil Moon - Universal Themes

Benjio estranho e belíssimo álbum editado pelos Sun Kil Moon no ano passado, foi aclamado pela crítica internacional (e considerado o melhor do ano por mim aqui no Ouve-se, já agora). Aproveitando a onda e profícuo como sempre, Mark Kozelek anunciou há algum tempo que o novo álbum dos Sun Kil Moon se chamaria Universal Themes e seria lançado em junho.

E pronto, chegou. Está aí. E só me apetece perguntar: o que raio andaste tu a fazer, Mark Kozelek?

Universal Themes parece ser um documentário áudio sobre o período da vida de Mark Kozelek durante o qual o álbum foi escrito. O problema é que não aconteceu nada de absurdamente marcante na vida dele durante esse período (pelo menos não aos meus olhos), o que torna os temas de Universal Themes praticamente tão universais como qualquer acontecimento da minha vida. Parece uma boa premissa, não parece? Pois, em teoria sim.

Poderíamos ficar aqui a discutir como a beleza do quotidiano pode ser uma excelente fonte de inspiração para um artista mas não vale a pena. Mark Kozelek tem feito isso desde os primórdios dos Red House Painters. Mas nunca fez um álbum tão instantâneo como este Universal Themes. É a corrente de consciência levada ao extremo. Em Benji era sobretudo uma questão de forma mas em Universal Themesé o aspeto central da música dos Sun Kil Moon. O conteúdo das letras é quase indiferente: um concerto dos Godflesh em “The Possum”, as gravações de um filme na Suíça em “Birds Of Flims”, uns minutos de ódio dedicados a um crítico de música em “Cry Me A River Williamsburg Sleeve Tattoo Blues” ou o facto de Ben Gibbard o ter convidado para tocar guitarra num concerto de Ben Gibbard em “This Is My First Day And I’m Indian And I Work At A Gas Station” podiam ser sobre outra coisa qualquer. E nalguns casos são… mas, como vos disse, é indiferente. O conteúdo só lá está para fazer cumprir a forma. Mas ao menos há a música, certo?

Não me façam falar da música.

Universal Themes começa mal, com uma gigante trapalhada de 9 minutos chamada “The Possum”, que já tinha sido divulgada há uns meses valentes. Como a seguir vem “Birds Of Flims”, um tipo como eu ainda alimenta alguma esperança. Mas depois vem a realidade.

Durante o resto do álbum, é difícil encontrar momentos musicais a que queiramos muito regressar. Há um ou outro tema musicalmente relevante, como “Cry Me A River Williamsburg Sleeve Tattoo Blues” ou “Garden of Lavender”, mas a sensação que fica no final dos 70 minutos de Universal Themes é a de que a música estava lá apenas para dar contexto às letras. Ora, as letras não são tão profundas, interessantes ou engraçadas como as de Benji. Os jogos de palavras não resultam tão bem. A poesia sofre com aquela espécie de liberdade forçada que Kozelek dá às palavras. Portanto, o que sobra?

Sobra pouco. Sobram pequenos momentos perdidos no meio de canções de 8-10 minutos. E não chega. Não depois de Benji. Não depois de ele nos ter deixado olhar para aquele retrato do envelhecimento. Não depois de nos ter deixado a pensar em como o contacto com a morte se torna cada vez mais frequente com o tempo. Não depois de “Carissa”, “I Can’t Live Without My Mother’s Love”, “Micheline” ou “Richard Ramirez Died Today Of Natural Causes”.

Mark Kozelek parece ter-se convencido de que pode fazer o que quiser. E ainda bem para ele… porque pode, claro que pode. E nós vamos aguentando. Mas a reflexão, a edição e a auto-crítica nunca fizeram mal a ninguém.

Se quiser ser otimista, posso dizer que Universal Themes é um álbum extremamente difícil, uma arriscada afirmação artística de um músico interessado em brincar com os limites.

Mas sejamos sinceros: os limites com que Mark Kozelek mais brinca em Universal Themes são os da nossa paciência. Universal Themes é difícil mas não parece tornar-se desafiante com o tempo. Somos obrigados a focar-nos nos pormenores para não termos de olhar para o desinteressante todo que para ali vai.

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Gustavo https://ouve-se.com/2015/05/gustavo/ Thu, 07 May 2015 12:19:27 +0000 https://ouve-se.com/?p=162 Há meses que ando viciado numa música de Mark Kozelek. Aliás, graças aos últimos cinco anos, Mark Kozelek, Sun Kil Moon e Red House Painters são nomes já gastos nas andanças dos meus vícios musicais. Agora a culpada é provavelmente a canção mais insuspeita de todas: “Gustavo”. “Gustavo” é uma canção sobre um imigrante ilegal mexicano …

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Mark Kozelek

Há meses que ando viciado numa música de Mark Kozelek. Aliás, graças aos últimos cinco anos, Mark Kozelek, Sun Kil Moon e Red House Painters são nomes já gastos nas andanças dos meus vícios musicais. Agora a culpada é provavelmente a canção mais insuspeita de todas: “Gustavo”.

“Gustavo” é uma canção sobre um imigrante ilegal mexicano que Mark Kozelek contratou para fazer obras numa casa velha que comprou. É, também, sobre como as obras ficaram por fazer por Gustavo ter sido deportado. A canção foi editada em 2013 num álbum de Mark Kozelek com Jimmy LaValle chamado Perils From The Sea, havendo já algumas versões acústicas editadas em álbuns ao vivo.

E o que raio faz de “Gustavo” algo viciante?

Ainda não sei, ainda não sei.

Mas tenho pensado muito sobre o assunto e a culpa é de Mark Kozelek, que tem vindo a tornar-se um excelente contador de histórias, sobretudo desde o início dos Sun Kil Moon. Não sei se foi propositado ou não mas, nos últimos álbuns, o norte-americano tem adotado a corrente de consciência como estilo predilecto… dando a cada canção uma história vívida, pormenorizada e que vai crescendo no ouvinte à medida que este regressa à música para a ouvir novamente.

“Gustavo” é um bocado isto. Começa descomprometida, com a compra da casa, a contratação de Gustavo e uns amigos para a arranjar. Passa para a vida deles naquela pequena cidade e dá-nos a mão enquanto acompanhamos Kozelek a ver, com as suas botas molhadas e roupa de inverno, armas e munições em montras de lojas.

Depois de conversas sobre Gustavo estourar o dinheiro todo em prostitutas e casinos, acontece o episódio que leva à deportação. Logo a seguir, Kozelek recebe uma chamada e… em vez de explicar eu, leiam a letra:

He called me collect from a Tijuana pay phone
Asking man, could you wire me money?
2500 for a border coyote
He needed work and he missed his family
But I hung up and I said I’m sorry
But I hung up and I felt uneasy
I hung up and my heart was heavy

Até a mim me doeu. Sinto que a minha dor deveria ter origem na situação de Gustavo mas é com Mark Kozelek, um tipo bastante detestável durante grande parte do tempo, que ela se manifesta. Com os remorsos, com a sensação de que a decisão tomada não foi a mais correta. E é isto que o raio da canção faz. E é isto, este momento, que me obriga a voltar a ela tantas vezes. É certamente uma variante ligeira de masoquismo.

Mark Kozelek abandona rapidamente o registo dramático e começa a queixar-se de como as obras ficaram por fazer, que ainda contratou outro homem mas que também ele deixou o trabalho por fazer porque tinha a mulher a morrer de cancro e a coisa passa rapidamente a uma espécie de conspiração do universo contra Mark Kozelek. Um é deportado, o outro tem a mulher a morrer de cancro… mas Kozelek é que tem azar nesta história.

E a verdadeira ironia nesta canção só chega mesmo quase no final, quando o músico relata como o jardineiro e a namorada lhe perguntam por Gustavo, ele ri-se e diz “fuck, no” e termina as referências ao mexicano com:

Really I don’t give much thought to Gustavo

Daí até ao final é um saltinho cheio de referências a fazer lembrar as paisagens rurais dos Red House Painters… mas é este o verso que marca o verdadeiro final da canção. Uma canção chamada “Gustavo” sobre a história de um homem chamado Gustavo em quem Mark Kozelek não pensa muito.

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Sun Kil Moon em modo banda completa na Casa da Música https://ouve-se.com/2014/04/sun-kil-moon-em-modo-banda-completa-na-casa-da-musica/ Wed, 02 Apr 2014 17:15:24 +0000 https://ouve-se.com/?p=288 Mark Kozelek foi ao Porto mostrar o novo Benji e eu fui atrás dele. Foi a terceira vez que vi ao vivo o criador dos Red House Painters e dos Sun Kil Moon. A novidade deste concerto de pouco mais de uma hora na Casa da Música foi mesmo o facto de ter tido direito a banda …

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Mark Kozelek foi ao Porto mostrar o novo Benji e eu fui atrás dele.

Foi a terceira vez que vi ao vivo o criador dos Red House Painters e dos Sun Kil Moon. A novidade deste concerto de pouco mais de uma hora na Casa da Música foi mesmo o facto de ter tido direito a banda – Chris Connolly no piano, Eric Pollard na bateria e Vasco Espinheira (dos Blind Zero) na guitarra. Chris Connolly e Eric Pollard, importa referir, são basicamente os Desertshore, que por sua vez têm dois álbuns com a participação de Mark Kozelek.

O concerto foi memorável. Podia ter sido muito melhor se Kozelek não teimasse em pôr de parte as canções antigas – algo que já tinha visto em Torres Vedras há uns meses – mas, como gosto tanto de Benji, nem me posso queixar. Canções como “Carissa” e “I Can’t Live Without My Mother’s Love”, os dois primeiros temas de Benji, ficam simplesmente perfeitas quando se transformam em algo mais do que voz e guitarra.

E foi sobretudo Benji que se ouviu na Casa da Música, bem como um bocadinho de Mark Kozelek & Desertshore e de Perils From The Sea, o álbum de Mark Kozelek com Jimmy LaValle. De resto, creio que além de “Black Kite” (de Among The Leaves), não houve direito a nada editado antes de 2013.

Houve desconforto (quando Kozelek decidiu fazer uma piada e dizer que na bateria estava Steve Shelley, dos Sonic Youth), houve penumbra (porque ele tem uma aversão qualquer a holofotes em cima dele) mas, acima de tudo, houve muito boa música, que é algo que vou continuar a valorizar nos concertos dele. Tive direito a ouvir os Sun Kil Moon em modo banda completa, o que é extremamente raro. Tenho pena de não ter direito a pelo menos um momento emocionante com canções como “Carry Me Ohio”, “Void” ou “Michigan” mas, mais uma vez, saí de um concerto de Mark Kozelek com a convicção de que quero vê-lo da próxima vez que vier cá.

Enquanto assim for, mesmo sem clássicos, estamos bem.

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Benji https://ouve-se.com/2014/02/benji/ Mon, 17 Feb 2014 21:51:08 +0000 https://ouve-se.com/?p=307 Benji chegou-me aos ouvidos há uma semana. Ando desde então à procura das palavras certas para descrever a hora e pouco de música que Mark Kozelek encaixou no mais recente álbum dos Sun Kil Moon. Decidi há dois ou três dias que não queria escrever nada que seassemelhasse a uma crítica. O motivo é simples: …

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Sun Kil Moon - Benji

Benji chegou-me aos ouvidos há uma semana.

Ando desde então à procura das palavras certas para descrever a hora e pouco de música que Mark Kozelek encaixou no mais recente álbum dos Sun Kil Moon.

Decidi há dois ou três dias que não queria escrever nada que seassemelhasse a uma crítica. O motivo é simples: li a crítica perfeita no Pitchfork e acho que, se vão ler uma crítica a Benji, não há melhor opção que essa. Mas não podia deixar de falar sobre o álbum, nem que fosse simplesmente pela minha (bem documentada) relação com a música de Mark Kozelek.

Desde que Benji me chegou aos ouvidos que não quero ouvir outra coisa. Mas porquê, se o álbum está tão longe dos meus momentos favoritos dos Red House Painters e dos Sun Kil Moon?

Tenho tido dificuldade em encontrar uma resposta. A verdade é que estas músicas não deveriam dizer-me tanto. Musicalmente, Benji é um conjunto de temas dominados pela dupla voz/guitarra meio barroca típica dos últimos trabalhos de Mark Kozelek, que não é de maneira alguma a minha fase favorita dele. Mas o mais perto que estive até agora de uma resposta foi isto: Benji é o álbum mais transparente que Mark Kozelek lançou até hoje.

Com tantas histórias sobre morte – da da sua prima em segundo grau Carissa à do assassino em série Richard Ramirez -, Benji deixa-nos ver o que vai pela cabeça de Mark Kozelek – memórias, pessoas e sobretudo medo. Medo da morte dos pais, como fica claro na enternecedora “I Can’t Live Without My Mother’s Love”, e medo da sua própria morte.

As histórias são fantásticas só por si – ouçam “Carissa” ou, melhor (pior), ouçam as três histórias de “Micheline” e digam-me que não tenho razão – mas a forma como Mark Kozelek as transforma em poesia é simplesmente brilhante. E mesmo em canções cuja música me diz pouco, como “Jim Wise”, sou vencido pela história ou por pequenos pormenores.

Além disso, há o humor. “Dogs” (em que a namorada o troca por um tipo e é esse tipo que o leva a casa a seguir), “Ben’s My Friend” (em que… tudo!) e “I Love My Dad” (em que ele pratica guitarra mas não tanto como Nels Cline – seguido de um solo de guitarra à Nels Cline) são os casos mais óbvios mas não são os únicos.

Quanto ao som que me chega aos ouvidos, não posso deixar de destacar “Carissa” e “I Can’t Live Without My Mother’s Love”, a dupla de abertura que nos remete para o que de melhor Mark Kozelek tem nos seus álbuns ao vivo. Destaco ainda o cuidadoso dedilhar (e o enorme final) de “I Watched The Film The Song Remains The Same” e a aquela última parte muito negra de “Richard Ramirez Died Today Of Natural Causes”.

A conclusão disto tudo é, como seria de esperar, marcadamente pessoal: criei aqui uma ligação emocional e não sei muito bem porquê. Benji é já o álbum de Mark Kozelek cujas letras mais explorei.

Ainda não parei de o ouvir – e não vou fazê-lo tão cedo, é mais que certo. O álbum não me vai dizer mais do que já diz sobre Jim Wise, Richard Ramirez, Carissa, Micheline ou o amigo Brett… mas sinto que vai conseguir dizer-me mais sobre Mark Kozelek. E mesmo que o não faça, pelo menos as canções continuam iguais, como o filme dos Led Zeppelin.

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Descobrir música por acaso https://ouve-se.com/2013/10/descobrir-musica-por-acaso/ Sun, 27 Oct 2013 21:44:52 +0000 https://ouve-se.com/?p=1606 No que a descobrir música diz respeito, tenho algumas técnicas mais ou menos bem definidas. Entre as várias ferramentas de descoberta que o Spotify disponibiliza, os artistas recomendados do Last.fm, as notícias e críticas dos principais sites de música e as recomendações feitas por amigos, acho que tenho uma rede bastante bem montada. Aliás, parece-me …

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ESmith

No que a descobrir música diz respeito, tenho algumas técnicas mais ou menos bem definidas. Entre as várias ferramentas de descoberta que o Spotify disponibiliza, os artistas recomendados do Last.fm, as notícias e críticas dos principais sites de música e as recomendações feitas por amigos, acho que tenho uma rede bastante bem montada. Aliás, parece-me seguro dizer que só não conheço mais música porque sou um tanto ou quanto preguiçoso e tendo a tornar os meus artistas e bandas preferidos em objetos de obsessão.

Há, no entanto, uma ferramenta de descoberta musical que normalmente não identifico enquanto tal: o acaso. Bem sei que chamar-lhe ferramenta pode ser abusivo, mas deixem-me explorar o tema.

Quantas das vossas bandas favoritas descobriram por acaso ou graças a uma série de coincidências? Eu tenho umas quantas e Eels e Low são, provavelmente, os dois exemplos mais gritantes – decidi um dia na Fnac que ia aventurar-me com bandas que não conhecesse e escolhi estas duas. O resto é história. Mas há mais e até os Radiohead entraram na minha vida um pouco pela porta das traseiras (salvo seja).

Esta semana aconteceu-me novamente. Com outros fatores à mistura, atenção… mas o acaso foi, de facto, a peça fundamental do puzzle. Já conhecia Elliott Smith e até já tinha um disco dele mas, por ocasião dos dez anos da sua morte, fui ouvir uma canção. Comentei qualquer sobre o assunto com a Sílvia, que é fã dele, e ela falou-me de mais duas ou três músicas. Até aqui, não tinha havido acaso nenhum. Mas até aqui também não tinha havido aquele clique. Até que, distraído pelo trabalho, deixei o Spotify a tocar a lista de músicas que apareciam na pesquisa e, a determinada altura, começou “Roman Candle”.

E pronto. Foi como uma epifania… mas deixo isso para outra altura.

Estou certo de que veem nisto pouca influência do acaso. Mas posso garantir-vos que foi graças a ele e àquela espécie de distração que Elliott Smith me agarrou. Tal como tinha acontecido antes com Eels, Low e Life Without Buildings.

Eu sei que sou um tipo relativamente pessimista mas… já pensaram na quantidade de música perfeita para vocês com que nunca se cruzarão por mero acaso? Só me vem à cabeça a citação de José de Almada Negreiros acerca dos livros (mas bem podia ser sobre música) que surge em grande destaque na estação de metro do Saldanha, em Lisboa:

“Deve haver certamente outras maneiras de uma pessoa se salvar, senão… estou perdido.”

Pois.

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Mark Kozelek e o medo da morte ao vivo em Torres Vedras https://ouve-se.com/2013/10/mark-kozelek-e-o-medo-da-morte-ao-vivo-em-torres-vedras/ Sun, 13 Oct 2013 21:53:02 +0000 https://ouve-se.com/?p=1337 Mark Kozelek esteve este sábado no Teatro-Cine de Torres Vedras no âmbito do pouco divulgado festival Vagabundo, que trouxe a esta cidade, bem como Aveiro e Torres Novas, alguns nomes sonantes da música, com destaque para Howe Gelb e, claro, o criador dos Red House Painters e dos Sun Kil Moon. Foi da primeira fila …

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Kozelek TV

Mark Kozelek esteve este sábado no Teatro-Cine de Torres Vedras no âmbito do pouco divulgado festival Vagabundo, que trouxe a esta cidade, bem como Aveiro e Torres Novas, alguns nomes sonantes da música, com destaque para Howe Gelb e, claro, o criador dos Red House Painters e dos Sun Kil Moon.

Foi da primeira fila que vi JP Simões abrir as hostilidades com aquilo que me parece razoável descrever como um concerto tropical-humorístico mais que competente. Estranho, claro, porque ele é estranho… mas competente. Mas não era JP Simões que me tinha levado a Torres Vedras.

Já tinha visto Mark Kozelek ao vivo em Sintra há três anos e foi difícil disfarçar uma certa desilusão pelo alinhamento pouco interessado em visitas ao passado. A música foi fantástica mas faltou-me grande parte das canções com que os Sun Kil Moon e os Red House Painters me convenceram. Na altura, a exceção foi “Carry Me Ohio”.

Desta vez, não houve exceções, tanto quanto consigo perceber. A mais antiga que Mark Kozelek tocou foi “Alesund”, a sublime canção de abertura de Admiral Fell Promises, álbum editado pelos Sun Kil Moon em 2010. Sim, 2010. Com uma carreira de mais de 20 anos, Mark Kozelek deu-se ao luxo de cobrir, neste concerto, os últimos três.

E o resto, Mark Kozelek?

Ao menos desta vez não fui apanhado de surpresa. É que, ainda por cima, Mark Kozelek já tem três discos editados este ano: Like Rats (o álbum de covers), Perils From The Sea (a aventura meio eletrónica com Jimmy LaValle, mentor de The Album Leaf) e Mark Kozelek & Desertshore (com os Desertshore, claro está). Ora, se juntarmos a isto Among The Leaves, o álbum editado em 2012, ficamos com cinco discos entre 2010 e 2013. A verdade é que há nestes discos material suficiente para um bom concerto. A noite de sábado prova-o sem problemas.

Mas um concerto em que as minhas únicas grandes referências são “Alesund” e “Among The Leaves” não é representativo da brilhante carreira de Mark Kozelek e é este o único problema que não desaparece. Como é que não há uma única canção de Ghosts Of The Great Highway ou April, dos Sun Kil Moon? “Glen Tipton”, “Carry Me Ohio”, “Salvador Sanchez”, “Gentle Moon”, “Moorestown”, “Lost Verses”, “Heron Blue” e “Blue Orchid” tinham todas espaço para brilhar. Como é que não há uma única canção dos Red House Painters? “Void”, “Cruiser”, “Michigan”, “Katy Song” e “Mistress” são apenas algumas das que conseguimos ouvir em discos gravados recentemente ao vivo por Mark Kozelek.

Mas não. Tivemos, isso sim, memórias sobre os amigos, sobre a família, sobre o Ohio, sobre a Califórnia e histórias que têm estampados o medo de envelhecer e a morte, temas cada vez mais recorrentes na escrita do músico de 46 anos. São temas que espelham o que Mark Kozelek é atualmente melhor do que qualquer tema sobre a sua ex-namorada e musa de sempre, Katy. E isto representa um choque: entre aquilo que eu quero que ele faça e aquilo que ele quer fazer. E ele ganha sempre, o sacana.

Com um humor muito peculiar, Mark Kozelek esteve particularmente conversador neste concerto. Falou sobre como todas as mulheres que conheceu em Portugal se chamam Ana. Falou sobre como não fazia ideia do nome da cidade onde estava mas que era uma cidade fantasma (foi este o argumento utilizado por ele para fazer encore – percebeu que as pessoas tinham ficado lá porque não havia nada para fazer lá fora). Falou ainda sobre odiar “Track Number 8”, a primeira canção pedida por alguém do público. O curioso é que, apesar de odiar a canção, que espelha as dificuldades que sente enquanto compositor, sentiu-se obrigado a tocá-la (apesar das sugestões imediatamente apresentadas pelo público como alternativa)… pelo menos até ao momento em que se esqueceu da letra.

O que posso eu dizer que dê sentido a isto tudo?

Posso dizer-vos que fiquei a conhecer melhor algumas das novas canções, com destaque para “Livingstone Bramble” (que o levou a pedir desculpa, qual rei das afirmações passivo-agressivas, por não percebermos o humor dele), “Caroline” e “Ceiling Gazing”. Reduzidas à combinação entre guitarra acústica e voz, brilharam mais do que seria de esperar.

Posso dizer-vos ainda que Benji, o novo álbum dos Sun Kil Moon agendado para fevereiro de 2014, promete algo entre o mais do mesmo e o céu. “Richard Ramirez Died Today Of Natural Causes” e pelo menos uma outra (ainda sem título) que fala de uma Michaelene, de um Brad e do seu avô fazem-me pensar que Benji pode ser um disco acima da média para Mark Kozelek.

A conclusão bastante pessoal que tiro deste concerto é que farei tudo para estar presente na próxima passagem de Mark Kozelek por Portugal. É que, apesar da mágoa por não ter direito às canções maravilhosas que já não esperava por aí além ouvir, o concerto foi tremendo. A voz particularmente frágil, a guitarra impecável e as canções que nos levam em viagem, seja pelo midwest, pela costa oeste ou pela vida de Mark Kozelek, são um conjunto difícil de bater. E eu quero ouvir mais histórias e deixar-me embalar durante quase duas horas e ficar lixado no final por não ter tido esta ou aquela música (ou todas). E quero que isto se repita vezes e vezes sem conta, até não poder mais.

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Não faltam projetos a Mark Kozelek https://ouve-se.com/2012/11/nao-faltam-projetos-a-mark-kozelek/ Thu, 29 Nov 2012 13:36:47 +0000 https://ouve-se.com/?p=462 Mark Kozelek é um tipo atarefado. Parar é morrer, certo? Vamos por ordem, então… Primeiro, vai lançar mais um CD ao vivo em nome próprio chamado Live At Phoenix Public House Melbourne. Sai em fevereiro e é apenas mais um dos frequentes discos gravados ao vivo por ele. Nada de novo aqui… a não ser as músicas, …

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Kozelek

Mark Kozelek é um tipo atarefado. Parar é morrer, certo?

Vamos por ordem, então…

Primeiro, vai lançar mais um CD ao vivo em nome próprio chamado Live At Phoenix Public House Melbourne. Sai em fevereiro e é apenas mais um dos frequentes discos gravados ao vivo por ele. Nada de novo aqui… a não ser as músicas, que são quase todas de Among The Leaves, o mais recente álbum de Sun Kil Moon.

Depois – não é bem depois, que é no mesmo dia, mas pronto -, vai lançar mais um álbum de covers, depois de What’s Next To The Moon (versões de canções dos AC/DC) e de Tiny Cities (canções dos Modest Mouse). Chama-se Like Rats e tem lançamento marcado para 19 de fevereiro. Desta vez, Kozelek não se foca numa banda só – aqui há covers de Misfits, Josh Turner e Sonny & Cher, entre outros. Medo.

Por fim, a Caldo Verde Records anunciou que vai lançar um álbum dos Sun Kil Moon com The Album Leaf (projeto de Jimmy LaValle) a 14 de maio. Chama-se Perils From The Sea e a coisa promete, já que terá de haver uma sonoridade diferente daquela a que estamos habituados em Mark Kozelek. Terá de haver uns sintetizadores e uma batida ou outra. Estou muito curioso.

Entretanto, já comprei a banda sonora do documentário On Tour, que tem dois discos com a música que se pode ouvir no filme. Que chulo, pá. O que vale é que oferece mais um disco ao vivo com a encomenda. Não, não estou a gozar.

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Assim fica difícil, Mark Kozelek https://ouve-se.com/2012/03/assim-fica-dificil-mark-kozelek/ Mon, 26 Mar 2012 11:47:34 +0000 https://ouve-se.com/?p=1195 Quem me conhece já há muito perdeu a paciência para me ouvir falar de Sun Kil Moon, Red House Painters e/ou Mark Kozelek. Quem me conhece, aliás, já demonstra muito pouco interesse na música dele. Quem não me conhece, não sabe nada disto mas, tendo em conta que escrevi um post sobre ele no final …

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Sun-Kil-Moon-Among-The-Leaves

Quem me conhece já há muito perdeu a paciência para me ouvir falar de Sun Kil Moon, Red House Painters e/ou Mark Kozelek. Quem me conhece, aliás, já demonstra muito pouco interesse na música dele.

Quem não me conhece, não sabe nada disto mas, tendo em conta que escrevi um post sobre ele no final de 2010, outro passado uma semana (apropriadamente intitulado “O chato”) e depois passei o resto do ano a ouvir todos os discos e versões das músicas ao vivo… acho que consegue imaginar.

Posto isto, vem aí um novo álbum de Sun Kil Moon. Among the Leaves tem lançamento marcado para 29 de Maio e vem dar continuidade ao trabalho mais acústico que Mark Kozelek mostrou em Admiral Fell Promises. Já é possível ouvir dois dos temas – “Sunshine in Chicago” e “Track
Number 8″ (a número 11 no alinhamento…) – do álbum no site da Caldo Verde
Records.

Among the Leaves promete um Mark Kozelek mais descontraído do que nunca. Isso reflecte-se imediatamente nas canções referidas anteriormente (“Sunshine in Chicago makes me feel pretty sad / My band played here a lot in the ’90s when we had / Lots of female fans and, fuck, they all were cute / Now I just sign posters for guys in tennis shoes”, diz ele a determinada altura de “Sunshine in Chicago”) mas também em títulos tão fantásticos como “The Moderately Talented Yet Attractive Young Woman vs. The Exceptionally Talented Yet Not So Attractive Middle Aged Man” ou “Not Much Rhymes With Everything’s Awesome At All Times”.

Mas volto ao início. Ao título, mais especificamente. Assim fica difícil, Mark Kozelek. Não me estás a dar tempo para ouvir outra coisa. E não é por mim. É por todos os que me conhecem. E por mim também, vá, que não quero ficar sem amigos.

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O chato https://ouve-se.com/2011/01/o-chato/ Wed, 05 Jan 2011 15:10:13 +0000 https://ouve-se.com/?p=577 Quando inicio um processo de descoberta de um artista, há dois caminhos possíveis: ou percebo que não quero saber assim tanto… ou quero tudo. Quero tudo – ouvir tudo, saber tudo, partilhar tudo – e transformo-me num valente chato. Por hipótese, entra um amigo no carro e pergunta, passados alguns minutos, se estamos a ouvir a mesma música em repeat. Estamos sim… …

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Mark Kozelek

Quando inicio um processo de descoberta de um artista, há dois caminhos possíveis: ou percebo que não quero saber assim tanto… ou quero tudo. Quero tudo – ouvir tudo, saber tudo, partilhar tudo – e transformo-me num valente chato. Por hipótese, entra um amigo no carro e pergunta, passados alguns minutos, se estamos a ouvir a mesma música em repeat. Estamos sim… e vamos continuar.

É assim que a coisa funciona. Fico viciado numas quantas, às vezes apenas numa, e ouço-as até à exaustão. Depois descubro outro álbum, outro EP, outro b-side e lá vamos nós outra vez. Fico um chato do pior. Não para mim, certamente. Para vocês.

Ultimamente, estou numa dessas fases. A mais recente que tinha tido assim em grande escala tinha sido com os Eels. Antes disso, tinham sido os The National. E antes disso, apenas os inevitáveis Radiohead.

Pois que agora é Mark Kozelek e os seus projectos. Estou a consumir tudo o que posso dele… e não ouço praticamente mais nada.

Esta semana, ouvi pela primeira vez Tiny Cities, um álbum dos Sun Kil Moon constituído exclusivamente por covers dos Modest Mouse, e adorei. As letras de Isaac Brock respiram de outra forma quando se percebe o que é dito. E são outras músicas, nem vale a pena comparar. Adoro Modest Mouse… Se começasse a comparar versões, acho que dava em doido. Estou a ouvir umas quantas em repeat nos dias que correm.

Além disto, ontem calhou passar pela Fnac do Chiado e lá fui ver o que havia de Kozelek. Não tinha muita esperança mas estava para lá de errado. Não só tinham um CD dele como era uma espécie de mega-raridade que não se vende em lado nenhum. Chama-se If You Want Blood e é uma edição exclusivamente… portuguesa (editada pela Música Alternativa). Este disco compila duas edições um pouco mais comuns do músico – o EP Rock ‘n’ Roll Singer e um álbum de covers dos AC/DC (sim, esses AC/DC) chamado What’s Next To The Moon – e foi editado internacionalmente apenas em vinil. Pelo que vi, esse vinil sai caro a quem quiser comprá-lo. O CD… não encontro qualquer preço de referência. A mim custou-me 10,90 euros.

Acho que foi uma boa compra.

Eu disse que estava chato, não disse?

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