Entrevista com Pedro Vindeirinho da Rastilho – parte 1

Há já alguns meses que andava a pensar nisto… porque nos falta, muitas vezes, a perspectiva de quem vive o negócio da música de forma mais próxima. O Pedro Vindeirinho criou a Rastilho em 1996 e acrescentou-lhe a edição de discos em 1999. A Rastilho Records é uma editora independente de Leiria que já lançou discos de Dapunksportif, Linda Martini, peixe : avião e If Lucy Fell, entre muitos outros. O Pedro aceitou responder a umas quantas perguntas por e-mail. Publico esta entrevista em duas partes: a primeira hoje, a segunda na quarta-feira.

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Mogwai temem satanás mas faltou ali qualquer coisa

Está provado que, com a excepção de “Batcat”, o mais recente dos Mogwai não vai deixar grandes marcas. Ao vivo, as músicas de The Hawk is Howling são aborrecidas – como no álbum, de resto. Não é que sejam genuinamente más. Só não são é realmente boas, coisa que se espera dos Mogwai com alguma legitimidade.

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Pensamentos musicais

A maior parte do jornalismo de música rock é feito de pessoas que não sabem escrever, entrevistando pessoas que não conseguem falar, para pessoas que não sabem ler.

Frank Zappa

Descobri um site no Music Think Tank há uns dias e estou maravilhado. Não é que seja a invenção da roda nem nada do género; é até muito simples.

MusicThoughts é um site de pensamentos sobre música, mais nada. Podemos pesquisar por autor e categoria ou esperar pela inspiração que um pensamento ao acaso pode trazer. Também podem acrescentar algo novo, se preferirem. E é só.

Disponível em dez línguas, entre as quais a Portuguesa, este site é, na pior das hipóteses, um divertido time waster.

O segredo, mas não o bestseller

Os Dogma são uma banda do Porto que eu desconhecia até há muito pouco tempo. Ora bem, se eles já andam pela Antena 3 e até pela infame e interminável telenovela Morangos com Açúcar, é possível que não vos vá dar grandes novidades. Ainda assim, sinto-me na obrigação de vos dizer – porque o projecto é interessante – que podem fazer o download do EP O Segredo no site deles e que é de graça.

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Do rock stars need social media? – parte 2

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Esqueçam a publicidade online à moda antiga. Os banners foram à vida; ninguém quer saber deles, por mais intrusivos e giros que sejam. Sim, se os estão a pôr na janela do Windows Live Messenger, ninguém quer saber, por mais tempo que todos passem a olhar para os vossos anúncios contra a própria vontade. Por isso, se por presença na Web entendem publicidade online, estão – como hei-de dizer? – errados. A presença online é uma espécie de meet and greet constante – só que sem todo aquele desconforto (pelo menos passado algum tempo). É estar frente a frente, conversar, ser uma pessoa normal. Bem sei – por experiência própria, como é óbvio – que o estrelato nos afasta das nossas raízes… mas também pode ser a desculpa perfeita para nos fazer regressar.

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Coisas de fim-de-semana

Há músicas que só podem ser ouvidas ao fim-de-semana. “Naked As We Came”, de Iron and Wine, é definitivamente uma delas. Soa melhor no Verão mas – ei, que se lixe – não é coisa para se deitar fora num instável final de tarde de Inverno (desde que ao fim-de-semana, claro). Tentem no próximo e vejam se não tenho razão.

Entretanto, fica o vídeo que o próprio Sam Beam – para o caso de não saberem, é o ferro e o vinho em pessoa – realizou.

Divulgar com o longo prazo em vista

Ao contrário do que seria de esperar, não acho que divulgar e promover música através dos meios de comunicação tradicionais seja uma má ideia. Enviar um CD ou um link para um jornalista ainda é uma forma barata de dar a conhecer música. Barata não só porque custa pouco mas porque também tem alguns resultados práticos. No entanto, não me parece que seja suficiente. Isto já para não falar da inutilidade dos passatempos.

O que quero dizer com isto é que a divulgação é uma variável que as editoras e os artistas precisam urgentemente de melhorar. Posso pôr-me aqui a falar do MySpace e do YouTube (sim, muitos ainda estão na fase em que estas são as novidades…) mas acho que nem é por aí. Em grande parte dos casos, o problema é conceptual. Quem promove, não pensa caso a caso, usa um método padrão (ainda por cima desactualizado) para todos os artistas. Quando toda a gente faz o mesmo, é difícil chamar a atenção.

Assim, enviar álbuns para jornalistas e bloggers, pôr músicas nas novelas, divulgar videoclips, tudo isso custa dinheiro. Criar e fomentar uma relação com os fãs também custa. No entanto, acho que arriscar pela segunda via (sem descurar a primeira, claro), através da Internet, dos concertos e das próprias edições… acaba por trazer mais resultados a longo prazo. Se só se pensa no álbum que vai sair amanhã e ainda por cima se vive num mundo onde o paradigma é o de há 10 anos atrás, a coisa não vai ao lugar.

Algumas notas

Apesar de não ser um grande fã do formato colectânea, não posso deixar de chamar a atenção para esta que vai ser lançada em Fevereiro. Produzida por Aaron e Bryce Dessner – um dos pares de gémeos dos The National -, Dark Was The Night é uma iniciativa que pretende ajudar a Red Hot, uma organização de luta contra a Sida que faz da cultura pop arma de sensibilização. No BrainDance já se tinha falado disto em Dezembro… mas só agora me apercebi dos nomes envolvidos.

Estão preparados?

David Byrne, Feist, José González, Ben Gibbard, Grizzly Bear, Iron and Wine, Sufjan Stevens, The Decemberists, Spoon, The Arcade Fire, Beirut, My Morning Jacket, Yo La Tengo, Cat Power, The New Pornographers, Andrew Bird, Blonde Redhead, The National e Kevin Drew, entre mais uns quantos.

E não houve cá repescagem de temas: é tudo coisas exclusivas.

Já há umas músicas em stream na página do projecto, se quiserem ficar com água na boca (ou nos ouvidos, vá). Também é lá que poderão ver o alinhamento dos dois discos.